quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Crítica Sobre Vamp

"Vamp" é ruim

Há alguns meses sendo reprisada pelo Canal Viva, a novela “Vamp” está podendo mostrar o quão frágil é, apesar do relativo sucesso que fez quando exibida pela Globo em 1991, o que faz dela muito mais uma novela cult do que uma boa produção.
 
Comecemos analisando a trama principal, a dos vampiros e a cantora Natasha (Cláudia Ohana). A novela já está quase na metade da exibição e a trama referente aos vampiros não decola. Muito pelo contrário, o autor foge dela como os vampiros da cruz. Quando ela dá brecha de que, finalmente, será desenvolvida, é inventada alguma outra situação que a tira do foco. Não tem ritmo. Um mesmo personagem terá, ao longo da trama, mais de dois ou três caminhos distintos (e não concomitantes ou consequentes). Abandonam-se os conflitos com uma facilidade esquizofrênica, o que causa uma falha na estrutura da novela. Talvez, por isso, não se surpreenda se você perceber que, sem uma explicação razoável, a história dos vampiros pegará embalo (e abruptamente chegará ao clímax) nos últimos 20 capítulos da novela. Enquanto isso não acontece, dá-lhe desencontros tediosos entre os personagens.

Já a cantora Natasha, numa época em que os videoclipes estavam na moda, era uma personagem interessante, mas muito mal-aproveitada. Estrela do rock, conhecida internacionalmente, chegou em Armação dos Anjos como uma mulher esquisita (exótica até, assim como o estereótipo dos ”mitos” da música) e cheia de vontades. Ao longo dos capítulos, essa esquisitice foi esquecida pelos outros personagens e suas vontades foram substituídas por uma chata fragilidade. Ou seja, a personagem perdeu o que tinha de bom e que poderia lhe render situações bastante interessantes e inusitadas. A motivação do personagem – ser uma estrela do rock – é atingida logo no primeiro capítulo e, depois disso, não é criado nenhum outro objetivo de fato consistente, o que torna a sua passagem pela trama bastante pálida. Sem contar aquela paixão repentina e que não convenceu pelo Capitão Jonas (Reginaldo Faria). Num belo dia, ela acordou, decidiu que essa paixão por Jonas era uma loucura e se envolveu com o filho do Capitão, Lipe (Fábio Assunção). Se nem Freud explicaria a psicologia da vampira-cantora, quem dirá Antonio Calmon.

Além disso, outro lenga-lenga que perdura praticamente a novela inteira é que toda mulher que chega na cidade se apaixona pelo Capitão, causando ciúmes em Carmem Maura (Joana Fomm). Primeiro, a cunhada dele, Mary (Patrícia Travassos); depois, foi a vez de Natasha; em seguida, Soninha (Bia Seidl); e, por último, a caçadora de vampiros, Alice Penn-Taylor (Vera Holtz). As tramas se repetem o tempo inteiro e as histórias e conflitos do casal ficam presos a esse único obstáculo. A família do Capitão Jonas e Carmem Maura foi uma boa ideia do autor, mas seria mais adequada a um seriado, por exemplo. Como novela (e a necessidade de histórias para capítulos diários), revela uma crônica e constrangedora ausência de fôlego.

Enfim, pode-se perceber nesta novela que falta progressão dramática, os ganchos não são bem trabalhados, diálogos pobres e frágeis, situações bobas e erros horríveis de cronologia na formação dos capítulos. A história de “Vamp” é muito interessante, mas a novela poderia ter sido maravilhosa se tivesse sido bem construída e as ideias melhor aproveitadas.

Destaque para os personagens de Carmem Maura (Joana Fomm), Padre Garotão (Nuno Leal Maia), Mary Matoso (Patrícia Travassos), Matoso (Otávio Augusto), Simão (Evandro Mesquita) e Vlad (Ney Latorraca). Todos bem construídos e muito bem interpretados pelos respectivos atores, apesar de vagarem muitos capítulos na imensa falta de assunto da trama.

Por fim, “Vamp” nos faz questionar por onde andam bons atores que nunca mais foram chamados para novelas, como é o caso de Inês Galvão, Carol Machado, Daniela Camargo (entrevistada pelo blog recentemente), Rodrigo Penna, Henrique Farias e Juliana Martins. Também não podemos deixar de dizer que ainda bem que Amora Mautner virou diretora, pois como atriz era péssima.
 
 http://natvcritica.blogspot.com.br/2011/08/vamp-e-ruim.html
 

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