Alice Granato
Claudio Rossi |
Aula em São Paulo: suor e relax |
A mudança de público é impressionante. A ioga tinha perdido o pé quando os hippies e bichos-grilos sumiram do mapa, no final da década de 70. A versão tradicional, que chegou aos países ocidentais nos últimos anos do século XIX e pretendia combinar meditação profunda com técnicas de controle de "forças vitais", estava mais para religião que para malhação. Agora é diferente. A power ioga tem movimentos vigorosos e atléticos. A ênfase também mudou. O objetivo não é mais alcançar a iluminação mística, mas combater o stress do dia-a-dia. Mesmo assim, a mística austera original sobreviveu aos novos tempos. É preciso concentração excepcional para conseguir o equilíbrio necessário para certos malabarismos, como ficar de cabeça para baixo ou colocar o pé atrás da nuca. Normalmente, as sessões de ioga acontecem com luz e som bem suaves ou em espaços ao ar livre. Muitas são acompanhadas pela fumaça de incenso, deferência às raízes milenares no hinduísmo. O ambiente em que se pratica ioga é bem mais relaxante que o da aeróbica.
"Muita gente me procura e conta que está com ansiedade e dificuldade para dormir", conta a professora Catherine Lobos. "Bastam algumas aulas para as pessoas começarem a se sentir melhor." Ela ensina em três academias em São Paulo e ainda atende clientes particulares que a contratam como uma espécie de personal trainer de ioga. A atriz Daniela Camargo, uma de suas alunas, está encantada com o resultado das primeiras aulas. "Você aprende a respirar em outro ritmo, trabalha o corpo e a cabeça ao mesmo tempo", elogia. Há quem esteja usando a ioga também como auxílio para doenças nervosas. É o que faz a psicóloga paulistana Suzana Castro. "Estou encaminhando alguns pacientes com casos de depressão e ansiedade para conciliar a terapia com a ioga", diz. "Com muitos deles consegui evitar o uso de medicamentos e tive um resultado bastante bom."
O renascimento da ioga é percebido nas principais cidades brasileiras, mas é bem mais intenso em Florianópolis. Isso deve ser atribuído a Marco Schultz, que passou oito anos aprimorando a técnica na Califórnia, voltou há seis e agora tem mais de 200 alunos na capital catarinense. Ele montou um estúdio em uma academia de ginástica e se especializou no treinamento de atletas, como o bicampeão mundial de surfe Teco Padaratz. "Não existe mais aquela história de que quem faz ioga é zen, esotérico", ensina Schultz. "Ao contrário, as pessoas estão praticando porque perceberam que é um tipo de ginástica que todo mundo pode fazer."
http://veja.abril.com.br/260400/p_096.html
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