“Sonho Meu”: Uma novela para adultos e crianças

Passados quase 20 anos, pouca coisa ficou na memória dos telespectadores de “Sonho Meu”. As lembranças se resumem às cenas de Elias Gleizer com Carolina Pavanelli. Nem o casal principal vivido por Leonardo Vieira e Patrícia França remete a novela das 18h. Mas a verdade é que um elenco de estrelas rodeava a história da menina Laleska. Beatriz Segall, Nívea Maria, Carlos Alberto, Débora Duarte, Walmor Chagas, Yoná Magalhães, Françoise Forton e Isabela Garcia são alguns nomes. O dossiê dessa semana relembra hoje outros núcleos da trama de Marcílio Moraes e Lauro César Muniz.
Paula Candeias de Sá (Beatriz Segall), a matriarca dos Candeias de Sá, era um mulher meiga, bonita e generosa, mas extremamente autoritária. Vive em função dos netos, Lucas (Leonardo Vieira) e Jorge (Fábio Assunção), na esperança de ver realizado o destino que traçou para eles: Lucas, presidente da fábrica de brinquedos e das empresas da família; e Jorge, médico. Lucas é um rapaz justo, mas boêmio, namorador, irresponsável e ingênuo. Aparentemente, seria a pessoa menos indicada para assumir a direção da fábrica. Já seu irmão Jorge, aparenta ser o homem ambicioso e profissional perfeito pra o cargo. Entretanto, esconde um comportamento rancoroso, egoísta e perverso, se passando por uma pessoa bondosa e desprendida. Um tipo charmoso e envolvente, com alto poder de sedução. Acatou a determinação da avó de estudar medicina, mas seu desejo é o comando das empresas.
O grande aliado de Jorge é William (Jayme Periard), chefe do departamento jurídico da fábrica. Um escroque da alta linhagem do colarinho branco. Outro importante cúmplice é o doutor Afrânio Guerra (Walmor Chagas), médico particular de Dona Paula. Ele é casado com a esnobe Magnólia (Yoná Magalhães) e pai de Lúcia (Isabela Garcia). A garota sempre foi completamente apaixonada pelo amigo Lucas, e Afrânio, de olho na herança do rapaz, apóia esse casamento. O médico não tem escrúpulos e passa a dar uma medicação errada à cliente, com o objetivo de afastá-la do poder.
Outro médico ligado a Jorge é João Fontana (Flávio Galvão), dono da clinica onde o rapaz trabalha. Excelente médico, generoso e franco, é casado com Gilda (Françoise Forton), que vive em atrito com Magnólia e pai dos adolescentes Francisca (Daniela Camargo) e Santiago (Ângelo Paes Leme). À princípio tem grande admiração por Jorge, considerando-o um dos melhores médicos que conhece. Durante muito tempo é totalmente envolvido por suas intrigas. Sua filha Francisca está envolvida com Jorge, por quem é apaixonada. A garota finge não perceber as constantes traições do médico e acredita que os dois irão se casar. A verdade é que esse é um sonho de sua mãe, que acredita que o casamento seja o melhor remédio para acabar com o tédio que é a vida de Francisca. Quando consegue se libertar do poder da mãe, começa a ter uma vida mais divertida ao conhecer Giácomo Madureira (Eri Johnson), mordomo dos Candeias de Sá. Um tremendo cara de pau e paquerador inveterado.
Os planos de Jorge começam a ir por água abaixo quando Afrânio descobre que o rapaz não é neto de Paula. O verdadeiro Jorge morreu no mesmo acidente que vitimou seus pais e Paula, sem saber, passa a criar outro garoto no lugar, filho de Mariana (Débora Duarte), uma dissimulada enfermeira. De posse dessa prova, Afrânio exige que Jorge compre a clínica de João Fontana e passe para o seu nome. Depois de um tempo é Jorge quem começa a chantagear Afrânio, quando descobre um grave erro médico cometido no passado pelo velho médico. Ao ver que Jorge seduziu sua filha como parte do plano para destruir Lucas e Paula e sem ver saída de sua ameaça de denúncia, Afrânio assassina o futuro genro. Antes disso, o vilão seqüestra Laleska com a ajuda de Elisa (Nívea Maria), impede que o filho de Cláudia (Patrícia França) e Lucas nasça vivo e deixa a avó na falência.
No lado mais alegre da novela, estava a casa de Tio Zé (Elias Gleizer). Ele é um artesão que faz brinquedos de madeira e vive na Rua das Flores, uma rua repleta de casas coloridas, onde moram crianças como Ximena (Carmen Caroline), Chico (Eduardo Caldas) e Taboinha (Beta Madruga) e onde está o bar da dona Polaca (Priscila Camargo), local onde todos os fatos são comentados. Ao voltar para o orfanato a garota conhece Aninha (Luiza Curvo) e Trigo (Fabiano Miranda), que se tornam seus companheiros nos momentos ruins.
“Sonho Meu” foi a última novela da atriz Cláudia Magno, que faleceu no meio da trama, no dia 9 de janeiro de 1994, vítima da AIDS. Ela vivia a enfermeira Josefina, que teve um rápido envolvimento com Geraldo (José de Abreu), ex-marido de Cláudia. A atriz foi homenageada pelo elenco da novela depois de ter descoberto a doença. Também foi a última novela do horário das 18h a ter média geral superior a 40 pontos. Depois dela nenhuma outra novela do horário conseguiu este êxito, apesar de “História de Amor”, “Anjo Mau” e “Alma Gêmea” terem tido média geral perto da casa dos 40 pontos. Mesmo sendo na época considerada uma novela com uma repercussão regular, “Sonho Meu” fechou com média geral de 44 pontos e em alguns capítulos com picos de 60, uma marca inimaginável para os dias de hoje. No última cena, o elenco infantil assiste um show beneficiente na Ópera de Arame, em Curitiba. No palco, Xuxa, a rainha dos baixinhos, e José Augusto cantam o tema de abertura.

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